quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Isso é bom?

“Isso é bom?”

A pergunta surgiu num momento inesperado.
A mãe trazia a criança pela mão e estava a acabar de comungar.
Não ouvi o que mãe lhe respondeu.
Na altura pareceu-me que não lhe disse nada e se limitou a puxá-la para a levar consigo.
Talvez lhe tenha depois explicado, noutro contexto, provavelmente depois da missa, o que era aquilo da comunhão…

Comecei por achar graça à pergunta.
Pela naturalidade espontânea e pela simplicidade inesperada com que ela surgiu…
Mas depois pensei logo como as crianças têm esta arte de fazer perguntas a que não é fácil responder. Não por não terem resposta. Mas por serem tão óbvias (as perguntas e as respostas, julgamos nós antes de tentar responder…) ou por agarrarem a realidade de um ângulo tão inesperado que nunca pensámos muito nelas. E, no entanto, são as perguntas verdadeiramente importantes a que vale a pena respondermos!...

Depois, rapidamente, me saltou à vista o carácter simbólico deste acontecimento tão simples.

“Isso é bom?”
Podemos arrumar a questão, escudando-nos na dificuldade de compreensão de uma criança diante de uma realidade tão densa de sentido como é a Comunhão.
Mas podemos também pensar se a dificuldade da resposta não estará sobretudo em nós que damos por adquirida tanta coisa que sempre fez parte de nós e da nossa história mas que nunca nos debruçámos suficientemente sobre essa herança recebida para hoje podermos dizer que ela é verdadeiramente nossa, porque a percebemos de verdade e a fizemos nossa, assimilando-a em toda a sua profundidade…

Quando alguém nos pergunta a respeito das coisas mais importantes da nossa vida (que, para um cristão são suposta e necessariamente as realidades da vida da fé!) se isso é bom, o que é que respondemos?
É certo que a este tipo de perguntas só se pode responder verdadeiramente convidando para uma experiência de vida (“Vinde e Vede”…) aquele que as faz.

Mas a atracção por essa experiência, a vontade de experimentar só germina quando somos confrontados com testemunhos que mexem connosco porque nos falam de realidades profundas por que ansiamos…

“Isso é bom?”
O mundo tem os olhos postos em nós, mesmo quando não nos faz explicitamente esta pergunta.
E espera necessariamente uma resposta que não seja feita apenas de palavras mas acima de tudo de uma vida que fala de uma alegria e de uma felicidade que o mundo anseia mas que, só por si, não é capaz de fazer acontecer. Nem acredita muito que seja possível e passível de ser arrumada na secção dos sonhos realizáveis…

“Isso é bom?”
Posso não conseguir pôr correctamente por palavras tudo o que esta pergunta evoca em mim em termos de vida de fé.
Mas, cá bem dentro de mim, não pode haver margem para dúvidas: isto é mesmo bom!!!

Neste blogue proponho-me partilhar algumas das “razões da minha esperança”.
Preciso de o fazer.
Para as manter bem vivas no meu coração e sempre sintonizado e centrado nelas.
E porque, quando são autênticas, é impossível não falar delas, não viver a urgência de as comunicar a outros!
Fá-lo-ei a um ritmo que procurarei que seja semanal.
E agradecendo desde já todos os contributos que enriqueçam esta partilha.

Pe Luís Alberto